quinta-feira, 14 de março de 2013

Liberalismo (1807 a 1914) - 1ª parte

1807 A 1851 - A TÍMIDA INDUSTRIALIZAÇÃO

Num contexto europeu e mundial em que grande parte dos países estavam a arrancar com a industrialização, Portugal enfrentou alguns problemas políticos que o colocaram numa posição bastante atrasada neste processo.

1. As invasões francesas
Apesar de Portugal ter cedido às pretensões francesas, a verdade é que o país preservou uma posição neutral ainda durante alguns anos, o que se traduzia na continuação das relações económicas com a Inglaterra.
Na iminência da invasão francesa, em 1807, D. João acedeu às pretensões francesas e ordenou a saída dos navios ingleses dos portos portugueses. Porém, o monarca não satisfez todas as pretensões, nomeadamente a prisão dos cidadãos britânicos residentes em Portugal e o confisco dos seus bens. Por outro lado, o dito bloqueio não era uma realidade em Portugal, já que os navios britânicos continuaram a chegar aos portos portugueses com nacionalidades falseadas.
Assim, as tropas de Junot invadiram Portugal, com o objetivo de ocupar o porto de Lisboa (importante para o controlo francês do comércio atlântico), o que originou a fuga da corte portuguesa para o Brasil. Antes de partir, o príncipe deixou ordens aos governadores para que providenciassem o bom acolhimento das tropas francesas, para evitar qualquer tipo de confronto.
Ao deslocar a corte para o Brasil, D. João impossibilitou a vitória política de Napoleão em Portugal.

As guerras com França e o contexto político português tiveram consequências diretas na economia do país:
- A mobilização para a guerra, a ocupação dos exércitos estrangeiros e as batalhas trouxeram problemas à agricultura (recrutamento de braços agrícolas, destruição de colheitas e requisição de animais).
- A aliança com a Inglaterra salvaguardou a independência, mas Portugal perdeu o exclusivo do comércio com o Brasil, por ter sido obrigado a conceder privilégios especiais aos ingleses.
- A indústria não se desenvolveu (problemas nas colónias e concorrência das novas potências europeias).

As execuções de 3 de maio de 1808, Francisco Goya, 1814
2. Fuga da corte para o Brasil
A fuga da corte para o Brasil impossibilitou a vitória política de Napoleão e possibilitou a continuação da aliança com Inglaterra.
Porém, a ausência do monarca causa descontentamento em Portugal e os nobres portugueses exigem o regresso do rei D. João VI em 1820.

3. Revoluções liberais
As ideias liberais propagam-se por toda a Europa e os países começam a transformar o seu sistema político. A Monarquia Absoluta (em que o rei detém todo o poder e não existe parlamento) cai em desuso e a tendência aponta para governos constitucionais (eleições de deputados que governam segundo uma Carta Constitucional; o rei deixa de deter todo o poder).
Portugal não será exceção a estes novos ideais e, assim, dá-se início a uma série de revoluções liberais que marcarão todo o século XIX.

4. A independência do Brasil
D. Pedro (filho primogénito de D. João VI) fica como regente no Brasil, quando o rei regressa a Portugal, e em 1822 declara a independência do país, tornando-se D. Pedro I do Brasil.
Portugal perde assim o seu território colonial mais importante economicamente.

Devido a estes acontecimentos políticos, a agricultura e a indústria portuguesa não acompanharam o ritmo de desenvolvimento que acontecia no resto da Europa:

Agricultura (crescimento apenas extensivo):
- Utilização de técnicas de cultivo deficientes;
- Escassez de gado e falta de fertilizantes.

Indústria (desenvolvimento tímido):
- Falta de matéria-prima, devido aos atrasos na agricultura e aos problemas nos mercados coloniais.
- 1835 - introdução da máquina a vapor.

Resumindo, enquanto países como a Inglaterra, França, Estados Unidos da América ou Alemanha arrancavam com a Industrialização, em Portugal este processo foi modesto e lento, sendo que a qualidade dos produtos não apresentavam melhorias devido à falta de matéria-prima e à falta de uma mão-de-obra qualificada.


Apesar dos atrasos, a sociedade portuguesa começa a modificar-se, abandonando-se aos poucos a velha pirâmide feudal.
Assim, no século XIX, a sociedade portuguesa dividia-se em:
- Alta burguesia;
- Média burguesia;
- Pequena burguesia;
- Proletariado.

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