Uma vez ultrapassadas as sucessivas vagas de Peste Negra da segunda metade do século XIV, a viragem do século conheceu um novo ciclo de expansão económica e populacional na Europa. Se a recuperação da economia portuguesa se mostrou lenta e plena de hesitações durante o século XV, depois de 1480-1490 proliferam os sinais positivos.
O mundo rural ocupava naturalmente uma fatia dominante da força de trabalho e era a origem principal dos rendimentos das populações. Esse domínio rural que, em Portugal como nas outras partes da Europa, haveria de durar ainda alguns séculos, não impediu que se verificassem desenvolvimentos noutras atividades.
Expansão Agrária
A expansão agrária é realizada em Portugal com a ajuda dos contratos de aforamento (o foreiro desbrava a terra e obtinha o direito de vinculação e exploração do terreno) e através do arrendamento (as câmaras arrendam terrenos para exploração agrícola).
Continuavam a fazer parte da paisagem rural as terras incultas, como as florestas, matos e terrenos baldios, cuja extensão é impossível de avaliar. Talvez isso se devesse à falta de mão-de-obra, de capital ou de tecnologia apropriada, mas também à utilidade que acabavam por ter na obtenção de matéria-prima como a lenha, cortiça, frutos, cogumelos ou na sua utilização como terras de pasto.
Principais cultivos: cereais, vinha e oliveiras.
Expansão Manufatureira
As atividades industriais, isto é, a produção e transformação de bens não agrícolas, deram também sinais de dinamismo nesta altura, devido a:
- Aumento da procura nos centros urbanos;
- Maior disponibilidade de capital e de matéria-prima;
- Dinamismo dos circuitos comerciais.
Assim, na viragem para a Idade Moderna, o trabalho dos camponeses passa a dirigir-se também à satisfação da procura em mercados mais distantes e não apenas ao autoconsumo e aos mercados locais. Nos tempos mortos da faina agrícola, com o intuito de obter rendimentos complementares à sobrevivência do agregado doméstico, os camponeses passam a dedicar-se à manufatura de bens.
No campo, ou seja, nas zonas rurais desenvolviam-se as primeiras etapas do processo manufatureiro, como a tecelagem ou a fiação, por exemplo. Na cidades, nas zonas urbanas, desenvolviam-se as restantes etapas, para as quais era necessária a utilização de máquinas sofisticadas, como, por exemplo, para a estampagem.
Principais produções: linho (camisas, roupa interior, roupa de casa); lã (casacos, meias, chapéus); curtume (calçado, freios, correias); barro (tijolo e telhas); produtos relacionados com a construção naval (velas, madeiras).
Expansão Comercial
Com a expansão ultramarina Portugal adquiriu uma diferente função nas relações económicas intraeuropeias, apesar da economia portuguesa ter continuado a ser fundamentalmente agrária.
A novidade residiu na distribuição de mercadorias produzidas noutros continentes que sustentaram, e em muitos casos justificaram, um incremento de importações provenientes das mais diversificadas regiões europeias.
Portugal tirou grande vantagem da sua função de intermediário do comércio europeu até ao século XVIII, sendo a única porta de entrada de produtos que adquiriram grande importância, como é o caso da pimenta, do açúcar, do ouro e dos escravos.
Para saber mais sobre a época dos descobrimentos portugueses, clique aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário